sexta-feira, 5 de novembro de 2010

PRESSA














 

Tenho pressa...

Não a pressa ansiosa desse corre-corre
Essa pressa dos apressados de colarinho
Não a pressa viciada do relógio
Nem a pressa do café na esquina

Tenho pressa, quero depressa...

Não a pressa dos almoços de família
Nem a pressa dos horários de rotina
Não a pressa das coisinhas do passado
Essa pressa calculada dos infartos

Tenho pressa, vê se apressa!

Não a pressa asseada do banho tomado
Nem a pressa de que chegue logo a noite
Não a pressa vidrada dos programas de TV
Essa presa da conversa que não chega

Tenho pressa...

A pressa da surpresa,
Da leveza, da delicadeza,
A pressa sutil do sono na rede
A pressa dos passos lentos da certeza

Tenho pressa, mais que depressa...

Tenho pressa dos filmes que não vi
Das palavras que não ouvi
Tenho pressa dos livros que não li
Das pessoas que não conheci

Tenho pressa, vem depressa!

Tenho pressa do carinho que não dei
Das paisagens que não avistei
Tenho pressa dos amigos que não encontrei
Das mensagens que não enviei

Tenho pressa, tanta pressa!

Tenho pressa dos abraços que não aqueci
Das loucuras que não me atrevi
Tenho pressa dos beijos que não recebi
Dos encontros dos quais fugi

Tenho pressa...
Pressa de tudo que ainda não virou saudade...

3 comentários:

  1. Adorei,

    simplesmente adorei

    revi-me aqui neste poema: é a pressa e a inquietação que me adentram, que me impulsionam, que não me deixam parar

    perfeito

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  2. Obrigada, Lou! É bom sentir a alma tocada.
    Seja sempre bem-vinda nesse espaço em versos... bjs

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  3. Amei... Surpreendente as descrições de sentimentos e emoções que são comuns a Todos que sabem o verdadeiro sentido da vida!
    Parabéns pelo trabalho...

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