segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

ADIANTE



um passo
adiante
do que posso

ultrapasso
andante
o compasso

sem tropeço
me arremesso
ao contrapasso

o que penso
descompassa
sei que posso

mais um passo
muito além
do que não posso

Imagem Google




domingo, 30 de janeiro de 2011

AMAnheCEU


Amanheceu e era azul,
na transparência do vidro semi-aberto
Amanheceu e era luz,
nas entrelinhas, na doce dança das palavras
Amanheceu e era novo,
na esperança de criar um outro tempo
Amanheceu e era claro
o sentimento de recriar a própria alma
Amanheceu e era forte
a coragem de aceitar o desafio
Amanheceu e era firme
o impulso de fazer valer uma vontade
Amanheceu e era calma
a certeza de que tudo tem momento certo
Amanheceu e era terna
a sensação de pertencer a esse mundo
Amanheceu e era triste
a distância que das pessoas a vida impunha
Amanheceu e era lúcida
a ilusão da presente saudade
Amanheceu e era livre,
na condição de escrever o seu caminho.

Imagem: Google

ORAÇÃO À CHUVA


Chuva
bendita em pingos
tamborilante
na janela
calmante canção
doce adormecer
generosa em abundância
nos campos
vida aos grãos
morte à fome
benigna transparência
no cristal de um copo
transpira o saciar
de bocas sedentas
inspiradora fonte
no criar do poeta
natureza
em versos se impõe
liberta
torrente
no curso dos rios
caminho do mar
eloqüente
coragem
se funde
nas cataratas
em queda
erótica
vestimenta
em corpos
colada
volúpias desperta.

Chuva
tirana
vingança dos céus
não nos castigue
o poder moldador
de sua majestade
Não nos leve os amigos
Não nos condene sem julgamento
Não nos roube os amores
Não nos imponha aos olhos
o espetáculo da desolação
Não arrase nossa familiar paisagem
Não carregue nossas casas
Não nos jogue no vazio
Não arraste nossas vidas
ao turbilhão do desalento
Não nos obrigue ao exercício
do medo
à pratica do desespero
Não transforme nossos veículos
em dominó na lama
Não nos ensine o planejamento
e a solidariedade
pela força da tragédia
Não nos deixe como emoção
a tristeza
expressa em lágrimas
Não nos reserve como herança
a amargura da perda
Não nos brinde com a lembrança
da culpa por nossos erros.

Chuva
não nos cative
pela doutrina
das tempestades
mas nos abençoe
com a vida
de suas águas
serenas.
Amém!
Imagem Google


TEMPO: Entre o cronológico e o psicológico

Senhor
entre os ventos
imperador
das marés
criador
de paisagens
na lua
marcado
pelo movimento
dos astros
cronológico tempo
aprisionado
entre vidros
no girar
de ponteiros
marca
na pele
humana
suas façanhas
inexorável
tatua
sabedoria
em histórias
de vida.

Mestre
dos anseios
condutor
de vontades
mago
das emoções
no trilhar
da humana
viagem
entre a monotonia
das horas
e a rapidez
do calendário
psicológico tempo
idealizado ser
dançante
no espectro
multicor
dos desejos
a sutil cadência
da velocidade
ao sabor
de sentimentos
aprisionada experiência
entre a felicidade
e a dor
a ansiedade da espera
e o esvair de esperados
momentos
sua capa
se reveste
da fragilidade
das almas
encarnadas.


 



















Imagem: Google

sábado, 15 de janeiro de 2011

RE-ENLACE



A cada passo
o lastro
do re-começo
em toda manhã
re-novação
tardes se estendem
num re-escrever rotinas
findam-se os dias
no re-encerrar
de repetidas experiências
pedidas
vidas em novos nuances.

Numa lágrima
tristeza a re-sentir
no sorriso
alegria a re-inventar
na lembrança
a cada tempo
saudades a re-dimensionar
no encontro
limites a re-tocar
num relacionamento
laços a re-construir
nada de novo
na inigualável
experiência
eufórica-esperança
de se re-criar
a cada dia.

Segunda-feira
um trabalho a re-tomar
na quarta-feira
a rotina a re-aceitar
na sexta-feira
um prazer a re-planejar
no domingo
resta o misto
de ir-ficar,
deixar ir-aprisionar
que embala cada final
acompanha todo re-começar.

Num abraço
o re-enlaçar
num grito
o re-voltar
na palavra doce
o re-conquistar
num gesto
o re-aproximar
num chamado
o re-aceitar
na despedida
o re-findar
de toda trajetória
na outra ponta
o re-começo.

Numa conquista
o re-adquirir
na doação
o re-partir
no aprendizado
o re-elaborar
no ensinamento
o re-dividir
na perda
o re-fazer
no nascimento
o re-tornar
à humana jornada
um ser a re-modelar
uma alma-evolução
na caminhada infinda
que re-envolve
o finito
espaço-tempo
marcado re-compasso
da sinfonia
de um
(re?) viver.

Imagem: Google

sábado, 8 de janeiro de 2011

CONSTRUÇÕES


Erguem-se
paredes
equivocadas
muros
divisores
lança-se
destino
ilusória
vida-ambiente
desentendida
jornada
infelicidade
mascarada.

Re-nascem
vontades
desprezadas
esquecida
aspiração
amores
abandonados
sufocados
talentos
rebelam-se.

Implodem-se
construções
determinadas
espaços
demarcados
acertados
acordos
bem-sucedidos
planos incertos
viciada
trajetória
enganoso
caminhar.

Re-construções
imploram-se
blocos
encontrados
no ser
misturado
cimento
da alma
inteiros
tijolos
de vida.

Re-nascer
alvos muros
pedem cores
demarcam
desejados
espaços
amplas janelas
escancaradas
permitem
horizontes avistar
vazios ambientes
procuram
achados.

Re-criações
liberadas
escolhas
renovada
chance
sonhos
em perspectiva
ofertam-se
experiências
recém-paridas
decorações
construções
em mim.
Imagem: Google

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

ESTRANGEIRA








A tristeza de saber-me estrangeira
Nesse mundo do qual me aparto
Expande-se em mim como enxurrada
Lamacenta... fria... pegajosa..
Sem alívio, sou mar de sofrimento
Incansável busco a desejada cura
E como unguento que cessa a dor
Só preciso deixar de me fazer mal.

Como fantasma de mim mesma
Avisto-me no horizonte do que eu era
E na miragem do que almejo ser
Temo perder-me no silêncio das palavras
Rogo desviar-me da encruzilhada de pensamentos vazios
Oro por salvar-me dos mornos sentimentos.

Imagem:Google

SE...
















Se algum sentimento pulsasse
Como entre o poeta e a canção
Se uma única emoção denunciasse
Tal qual na espera de um carteiro
Se em qualquer palavra um indício
De que sonhar não seria em vão
Eu lhe faria um juramento
Como quem num pacto fura um dedo
De lhe entregar cada pensamento
Num viver sem calcular o tempo.

Imagem: Google

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

AUSÊNCIA









Ausência
experimento
a leveza
da não-espera
um  flutuar
da alma
liberta
nessa não-presença
em silêncio envolta
alvos
papéis
aguardam tinta
novos
significados
calmo preencher
de um vazio
sem expectativa
cicatriz
em cura
acalmar
da fúria
imagens
em doce
esmaecer
sensações
se aplacam
a-branda
saudade
se esvai em seiva
de
folhas secas.

Imagem: Google


domingo, 2 de janeiro de 2011

Visão às seis da tarde













A cidade imensa
de edifícios emaranhada
aos olhos de menino
que no alto
sonha delírios de vôo
homem-aranha
menino-passarinho
às seis da tarde.

A rua incha, incha
gente que incha a rua
pequenos grupos
saem
deste, daquele prédio
depois mais e mais
pessoas
caminham mais e mais
depressa
a rua inchada
em passeata.

Da janela
aos olhos de menino
no décimo andar
pessoas-insetos
lá embaixo
se movem, correm
na fila
comprida
parada
no ponto de ônibus
vira-esquina
no fim da rua
o metrô
formigueiro
aos olhos de menino
no alto do edifício
às seis da tarde.

Imagem: Google

SAY GOODBYE, RUSH

Não me apresso,
eu me despeço da pressa.
Na saída, sem tropeço,
eu me desfaço
dessa ânsia
de recomeço.

Rompo o simbólico
espaço do tempo,
sem atropelo.
Permito
que me envolva
a cadência da calma
no ritmo da alma.




Imagem: Google

sábado, 1 de janeiro de 2011

FEMININA TRANSPARÊNCIA


Feminino
ninho-eu
aconchego
preencho
um rancho
marcas
protejo
um pranto
prazeres
aqueço
um agrado

Feminino
enlace-meu
sabores
recheio
um desejo
química
pressinto
um encontro
intimidade
consinto
um laço

Feminino
caminho-vôo
vieses
permito
um traço
opções
elejo
uma escolha
direções
libero
um achado

Feminina
transparência-alma
buscas
experimento
essência
vivências
transcendo
evolução
falácias
revelo
um sentido.
Imagem: Google