sábado, 6 de novembro de 2010

COME OU TE DEVORO





Que vida é essa? É isso vida?
Essa fuga sem chance
Entre o inferno e o terror?
Come ou te devoro?!

Que fome é essa?
A pior delas, fome de amor
Espelhar em si, na tenra idade
A cínica façanha de “ser humano”.

Que gente é essa?
Que evita olhar, tem que esquecer
Que vai ao shopping, ao fast food
Que fotografa e vira as costas.

Que criança é essa? É isso infância?
Esse solitário e desesperado
Engatinhar para os braços frios da morte
Sem colo, sem carinho, sem cantiga de ninar...

“Boi, boi, boi
Boi da cara preta
Pega esse menino
Que tem medo de careta.”

Que mundo é esse?
Que gira alheio, sem se tocar...
Isso é comigo? É com você?
Então, jamais diga: “estou com fome”.

Que imagem é essa?
Que o cego vê e segue adiante
Na felicidade dos porta-retratos
De festas, Natais e feriados...

Que humanidade é essa?
Se faço parte, isso me importa?
Se me aparto, o que me importa?
E, afinal, alguém se importa?

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