terça-feira, 29 de março de 2011

ANDANÇAS


Saudade
indócil lembrança
vida outra
 horizontes

Andanças
em cadência
detalhes
sensações amores
ardores aromas

Achados
em cores
pedaços quebrados
alianças
nas danças

Fragmentos
das fitas textura
nos laços
abraços


Imagem: Google


DEUS É FIEL


domingo, 27 de março de 2011

BLACKOUT




Na brecha
entreaberta
filamentos
desafiam
o escuro

Salpicantes
vaga-lumes
na noite nascidos
iridescentes
no breu
da mente

Brilhante
fliperama
estrelas
cadentes
num jogo
de luz

Translúcido
pisca-pisca
blackout
silêncio
em mim
uma ausência
você.

 
Imagem: Google


DEUS É FIEL


sexta-feira, 25 de março de 2011

Um Sol na Alma



Minha alma tem um Sol
que brilha mais intenso
a cada tempestade

Tentar roubar o brilho
de um Sol alheio
é como aprisionar
flores do campo num vaso.

Perde-se a beleza
Evapora-se o perfume
Logo murcham
Logo acabam.


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DEUS É FIEL

segunda-feira, 21 de março de 2011

DETRITOS
















Sentidos suores
em frangalhos
sofridos

transpiro anedotas
cínicas

Encaro
restos detritos
da alma
acanhada
zombaria ajoelhada

Imploro jejuns
lamentos
amanheço audácia
comemoro detritos
ao fogo.



Imagem: Google


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DEUS É FIEL

ERRANTE
















Perco-me na teimosia
De caminhos errados
Já trilhados

Errantes

Busco-me na apatia
De pessoas distantes
Já apartadas
Dissonantes

Insisto na ironia
De momentos repetidos
Viciadas horas
Sem sentido

Esqueco-me da sintonia
Dos pensamentos
Bem traçados
Purificada intuição

Encontro-me na harmonia
Das energias libertadas
Sincrônicas cenas
Bem narradas.


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DEUS É FIEL

sábado, 19 de março de 2011

CORAÇÃO DE CRISTAL


Cabelos da cor do ébano
Esculpem labaredas ao sol
A alma cospe a tormenta
Nos lábios morre o temor

Desfeita em colar de lágrimas
No peito reza uma sentença
O brilho em contas de cristal
Transmuta um coração de vidro

É leve o peso desse vôo
A aura em passeio pelo mar
Ao sopro efêmero da brisa
Eleva o corpo num bailar.


Imagem: Google


DEUS É FIEL

CAVALGADA














Lunar
eclipse
cavalgo
no páreo
batalhas
infindas
(inúteis?)

Na pista
sem vôo
da crina
(a força)
sedosa
(veloz)
suores poeira

Num tempo-corisco
se é medo
não meço
ao vento-alimento
das patas
tropel

Nas pedras
despidas
atrito
repicam
faíscas
dos cascos

Corrida
sem chão
flutuo
ilusão.


Imagem: Google


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DEUS É FIEL

sexta-feira, 18 de março de 2011

PENUMBRAS





















Quando avisto
tempestades
entre luzes-lamparinas

o ego se encolhe
sob o escudo do medo

Mergulhar em tempestade
é palavra sem eco
olhar de assombração
apelo surdo-mudo
direito ignorado

Quando avisto
tempestades
entre luzes-lamparinas
caminho fios invisíveis
sob o escudo da vida

Mergulhar em tempestade
é ouvir o som da alma
no olhar da intuição
reveladas visões
em símbolos decifrados

Descobertas
conquistas
desvendados horizontes.



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DEUS É FIEL

quarta-feira, 16 de março de 2011

Em queda, livre


Toda vez
que eu caio
eu me apoio em flores
eu esbarro em desamores
quase esquecidos

Solidão na queda
é como presente
em embalagem vazia
rostos são clowns
palavras, o frio do metal

Toda vez
que eu caio
eu me apoio em flores
eu percorro interiores
nunca esquecidos

Solidão na queda
é poderoso elixir
transcende a falta, o medo
a sede, a mente em peso
em pauta, nova página no tempo.

 




Imagem: Google


DEUS É FIEL

terça-feira, 15 de março de 2011

LAÇOS DE ALMA














Divino é sentir
esse fogo
afago em falta

o roçar da boca
em abandono
nos lábios ausentes
por engano
perdidos.

Pleno esse apelo
jamais ouvido
desejo calado
na busca do corpo
eterna entrega
o toque
na pele
nunca esquecida.

Ilusão é o espaço
a separar corpos
que
enlaçados no invisível
se pertencem.

Enganoso o tempo
a aplacar da memória
a imagem
na alma gravada
a voz da emoção
contida em laços
que a distância

não destrói.


Imagem: Google

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DEUS É FIEL

De razão... Perdida



Aos versos
um título
vinho-razão
linha tênue, perdição

Poeta você
para mim
perdição
quando ri
adoro
você
quando me faz
rir

É gosto
você en-frente
inspirada
viva de razão
perdida
em dias
turbulentos
somos dois
na noite

Perdidos...



Imagem: Google


DEUS É FIEL

Benditas amoras, mal-ditas














Amoras
na pia
benditas

encarnadas

Cantorolo amores
prosaicos
desembaraço trapaças
malditas

Dispenso elogios
aponto feridas
transmuto
púrpura traída
com gosto amoras
benditas.



Imagem: Google


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DEUS É FIEL

Volátil marca num vôo



Beija-flor
um bilhete
volátil
em ares
transita vapores

Comemora
tendências do vôo
surpresas
na janela
um acordo

A marca
nas asas
movimenta
promessas
ao vento.




Imagem: Google


DEUS É FIEL

domingo, 13 de março de 2011

PROFECIA

 

"E haverá sinais no sol,
e na lua, e nas estrelas, e,
na terra, angústia das nações,
em perplexidade pelo bramido
do mar e das ondas;
homens desmaiando de terror,
na expectação das coisas
que sobreviverão ao mundo,
porquanto os poderes do céu
serão abalados." (Lc 21, 25-26)


Que inesperados castigos
ainda nos reservam
as tiranas profecias
a marcar vidas em invisíveis suásticas
a devastar paisagens como
brincadeiras em aquarela?

Que espectrais lições, vingativos profetas
nos querem ensinar em códigos
indecifráveis numa era
intransponíveis no espaço?
E haverá um tempo de compreender
a tempo?

Que razão nos mostra
a mão impiedosa da catástrofe
a assolar corpos em almas infantis
que da verdade nada sabem
engatinham em equivocados pensares
perdem-se em vazias buscas?

Não haveria, acaso
alguma espécie de “amor maior”
das entranhas da mãe terra nascido
que seus filhos poupasse
e lhes tirasse dos olhos a venda
indicando do futuro a direção?

Imagem: Google
(Foto do momento em que as águas do mar invadem
as terras do Japão com a força do tsunami, após terremoto. Março/2011)

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DEUS É FIEL

ESTRIBILHO



Astuto estribilho
componho
seus olhos
em prisma
estilo
persigo

Almanaques ao acaso
ocres caminhos
transponho
rancores

Comemoro amores
girassóis num conto
dilacero pudores
num gesto

Em prisões
alimento rumores
perfídia
aqueço movimentos
quebrantos ressonam
em mim.
 
 
Imagem: Google


DEUS É FIEL

sábado, 12 de março de 2011

ENTRETEMPO


Ameno outono
incendiava a manhã
olhares em abandono

eram passeios na paisagem
amarelo ocre, um arco-íris
invadia sem pudores os sentidos
em despedida, a luz
de um singular verão
deitava reflexos na água

Expressões na face
coloriam a tez feminina
enfeitiçada por visões do dia
permitia sem reservas
que a natureza penetrasse a emoção
plexo pulsante, a sua casa
nascente de raios
cuja beleza em brilho
ofendia desavisadas retinas.

Planos ausentes
na manhã de cores em sangria
ela se entregava
ao som do vento
protegida pelo acaso
acatava sinais
mensagens em sincronia
oferendas do tempo
em vestimenta a confiança
desmascarava verdades
aprendiz do dia.

Imagem: Google


DEUS É FIEL

 

quinta-feira, 10 de março de 2011

INCERTEZAS

Pálidas certezas
submergiam
na alma
em terremoto

Em águas de
farsa polida
esvaia-se o ar
ia-se a vida
último acenar
de uma incerta
revolta

Casados aos raios
incendiários
sons de trovões
em negras nuvens
nascidos
calavam rastros
agonizantes
de palavras
entre os lábios
escondidas

Ondas turbulentas
rufavam
por inesperadas marés
esquartejando
risos em fuga
denunciados
no insensato
abrir de bocas
mergulhadas em ilusão

Impiedosas tempestades
por geleiras enviadas
desmascaravam
versos
condenados a vagar
por infinitos
infernos de páginas
povoados
por tiranas letras
de musgo
encobertas.


Imagem:Google


DEUS É FIEL

REFÚGIO


Ao chão
espalhadas
barreiras da alma
recortados
retalhos
de medo
na casa do ser
em aconchego
se abandonava

Na leveza
o peso
da palavra
bem pensada
quase impronunciada

Ausente
o peso
da leveza fútil
jamais ben-dita
no oco
da palavra
não dita

Refúgio
na arte do prazer
de sugar
das entranhas
prazer em ser

Testemunhar música
com olhos
além do barulho
Ouvir nuances
multicores
detrás do borrão na tela
Tocar aromas
antes do frasco
se abrir
Sentir
perfume no toque
sem ousar o contato
da textura.

Não à fuga
se há...
tão-somente
seja
interior
refúgio.



Imagem: Google
DEUS É FIEL

"PALAVRAS INCOMPREENDIDAS"


Em busca
do Infinito
feche os olhos

“Viver
é ver”
entre a Luz
e a Escuridão

Sob os olhos
do mundo
encolhe-se o homem
em sua Escuridão
interior

De olhos
fechados
é o homem
refúgio
de si mesmo

No Infinito
de sua Escuridão
torna-se o homem
o próprio Infinito.


(inspirada em Milan Kundera, A Insustentável Leveza do Ser)

Imagem: Google


DEUS É FIEL

segunda-feira, 7 de março de 2011

O JARDINEIRO

Praticava eu,
a dança das palavras
em passos nunca

antes experimentados
certa de que a Mãe Terra

exalava inspiração...
Foi quando me apareceu
o jardineiro.
Ah! Nada mais insensato!
Apreciar aromas e flores
imaginei

ser sua indiscutível condição
ao dar forma e cor

a um belo jardim.
Assim como para mim era

a solidão do criar:
germinada ao ofício de escrever...
Mas ele revelou-se insensível
ao fascínio

dos elementos da natureza:
o que a mim se descortinava

como fonte inspiradora,
para o jardineiro

era apenas enfadonha rotina.



Imagem: Google


DEUS É FIEL

OUSADIA













Vou abandonar
a submissão nas palavras
Aceitar o desafio

da realidade nas atitudes
Procurar a doçura

na cadência da rotina
E me atrever

no imaginário dessa busca.


Imagem: Google

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DEUS É FIEL


sexta-feira, 4 de março de 2011

ALEGORIA



Na alegoria da vida
Peço licença
Para revelar
Lições do tempo

Na ladainha
Do todo dia
Não tem segredo
Mudei o olhar

Peças marcantes
Papéis vibrantes
Da vida o enredo
Aprendi a ler

Nessa jornada
Posso escolher
A cada cena
Nova roupagem

Descobrir verdades
Máscaras sobrepostas
Uma entre muitas
De todas, fragmento.


Imagem: Google


DEUS É FIEL

MEMÓRIA
















Do tempo ausente
preferi a descrença
a falsas lembranças

da memória incerta

Da memória viva
preferi a verdade
a falsas promessas
do tempo que se foi

No tempo da memória
fico com a história
que se quis contar
apesar da vida

Para além da morte.



Foto: Sílvia Mello

Twitter: http://twitter.com/SilviaMello23#

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quarta-feira, 2 de março de 2011

HAICAIS I


Embora o Haicai seja uma composição de pequenos versos, sempre inerentes à natureza e ao presente, em sua versão oriental original, esses meus Haicais remetem a lembranças de infância, cenas gravadas na memória.


Um amor-perfeito
Linda careta bizarra
Furto de menina.

Mãos na terra quente
Azul-púrpura hortências
Água e fantasia.

Balas de café, no
 Móvel vermelho da sala
E as rosas num vaso.
 
Chá de hortelã
Em final de tarde quente
Refresco de avó.

Contornos no morro
Sombras de um entardecer
Árvores ao vento

Ele vem do sítio
Carambolas no chapéu
Que água na boca!

No roxo das uvas
Cultivadas por suas mãos
Cores de domingo.

Invade a janela
Brisa em noite de verão
Perfume de flores.

Janelas abertas
Sons, batem lustres-pingentes
Brisa de verão.

Janelas ao vento
Pirilampos ao redor da luz
No calor da noite.



"O haikai é uma pequena poesia com métrica e molde orientais, surgida no século XVI, muito difundida no Japão e vem se espalhando por todo o mundo durante este século. Com fundamento na observação e contemplação enfatizando o sentimento natural e milenar de apreciação da natureza através da arte, sentimento este inerente a todo o ser humano. O mais tradicional poeta deste estilo é Matsuo Basho, monge Zen que aperfeiçoou o estilo e divulgou suas obras no final do século XVII."

"Ao sol da manhã
uma gota de orvalho
precioso diamante."

                      Matsuo Basho (1644-1694)

(em O Zen e a Arte do Haikai, Rodrigo de Almeida Siqueira)

Imagem: Google


DEUS É FIEL
 

terça-feira, 1 de março de 2011

VINHO-LINHA TÊNUE




















En-laço
desfaço
você
a-doro


com ou sem
roupa
tpm
seu cheiro
adoro


 perto ou longe
dói de perto
duas vezes
longe dói
saudade
tesão


faz tempo
que já era
tempo
esse encontro
hoje
você-vinho

linha tênue
de amor
me embriago.



Imagem: Google

Twitter: http://twitter.com/SilviaMello23#

DEUS É FIEL

De Olhos Vendados


Olhos
estéreis
imploram paisagens
luzes
sutilezas em lilás

Vendadas
as meninas
nestes olhos
em águas
mergulham
carentes de imagens
saudosas
transpiram lágrimas

No brilho das íris
reflexos
histórias contadas
em cores
caminhos traçados
amores
memórias
num flash


 
Imagem: Google


DEUS É FIEL


REVOLTA EM FOLK-LORE



dispenso os cultos
da ruptura
na cultura que estilhaça

abro-me
ao folguedo-Pererê
estilizado

em ré menor
se esvai mortiça
a 9ª. Sinfonia

expandem-se
notas-chocalho
em carnaval

sapatilhas
de ponta se rompem
en-gesso

soltem-se
os pés libertos
na avenida descalços

calem-se omissos
eruditos
violinos

retundem bumbos
estridentes cuícas
no despertar ouvidos


Imagem: Darcy Penteado - Peça do figurino da peça Sonata de Angústia, criada pelo artista são-roquense para o Ballet do Quarto Centenário da Cidade de São Paulo - 1954 (Essa imagem foi uma das selecionadas para compor o livro Brincando com Arte Darcy Penteado - Sílvia Mello, Ed. Noovha America, 2004)


DEUS É FIEL