terça-feira, 19 de julho de 2011

Do que nasce para doer


















Há dores
que nascem
simplesmente
para pulsar
natureza doentia
ardor flamejante
ferida do viver
névoa que não se dissipa

Há dores
que permanecem
obstinadamente
lembrança insistente
gravada na pele
sem esperança de cura
sem auspício de melhora
sem toque de alívio

Há dores
que não cedem
facilmente
à súplica
à fuga
ao tempo
cavalos selvagens
para sempre indomados

Há dores
que ocupam
espaço obscuro
da alma
cicatriz ancestral
vibração do infinito
memória talhada
no profundo do ser

Há dores
que permanecem
docemente
incrustradas
diamante em anel
entalhe em escultura
rodas de carruagens bíblicas
cantigas de viola

No fundo da noite.



Imagem: daniellesousa

Twitter: https://twitter.com/#!/SilviaMello23


DEUS É FIEL


Nenhum comentário:

Postar um comentário