sexta-feira, 3 de junho de 2011

POEMA em DESPEDIDA

















Em que filme
gravei
cenas de groselha
no intervalo do cinema
brigas inventadas
mãos suaves e
beijos de algodão?

Em que praia
deixei
enjôos de mar
a vida crescendo
dentro de mim
contradições de alegria
e agonia?

Em que degrau
depositei
seu carinho apressado
de cada manhã
prenúncio de idas sem volta
dias vazios
em molduras de silêncio?

Em que estante
guardei
sua voz
lendo trechos
de Engels e Kollontai
celebrados ao som
de Elomar ou Mercedes?

Em que fotografia
de irônicas cores
abandonei
meu rosto
em púrpura destruído
fruto da agressão
nunca punida?

Em que tardes
pedalei
distâncias
em embalos
de Calcanhoto
e de suas canções
me apossei?

Em que ruas
da cidade em vale
permiti
traições
gritei escândalos
desprezei modelos
e máscaras?

Em que noites
desfrutei
sabores
tomates secos, vinho e kiwi
intimidade fugaz
perdida na promessa
nunca jurada?

Em que horas
esqueci
meus medos
desatei procuras
misturei perfumes
que lancei na noite
solidão em sopros?

Em que dias
descobri
seus medos
disfarçados na espuma
em bocas
de copos de cerveja
e vivi liberdades?

Em que vida
desisti
de tudo
entreguei seus discos
apaguei escritos
recobrei amor
decidi partir?


Imagem: Google



DEUS É FIEL

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